Este
conto foi idealizado a partir da observação dos invisíveis
moradores de rua. Os quais só percebemos quando nos entram na
frente, pedindo por algo. Ou quando, por descuido “deles”, estão
em “nosso” caminho. Seres translúcidos e sombras sociais, opacas
e transparentes.
Moradores,
dos “nossos” caminhos, que levam uma vida de paisagem, sem cor.
São eles, a inspiração deste autor, que narra em primeira pessoa,
o conto. Aos que nunca desistem de procurar viver a vida infeliz, de
forma feliz.
Qualquer
que seja a semelhança, de algum personagem, com a vida real, será
mera especulação.
"Fantasia?
Mito? Lenda? Realidade? Descubra você mesmo(a) quem é Zézu!"
Começa assim: Nem
sempre conhecemos um ser humano por completo, mas Zézu tem sido mais
que um grande enigma. Homem simples, de vida incomum. Antes de tudo,
um amante da vida e de tudo que a compõe. Ao menos, é para esse
repórter, o que há no seu único legado conhecido, um manuscrito.
Zézu
esforçou-se para organizar o manuscrito, colocando datas. Não é
possível afirmar, pela falta de algumas páginas ou porque
colocava o que ia lembrando, ao longo do tempo, o manuscrito reflita
todos os acontecimentos da vida deste personagem.
Algumas
pessoas passam pela vida e mesmo sem que seja um herói, um ícone da
mídia ou esteja envolvido em um grande escândalo, serão lembradas.
Podemos pensar em nossos pais e mesmo que alguns não aceitem, tiveram
ou tem grande influência em nossa vida. Tanto faz o motivo. Seja
pela proteção que exerceram, pelo carinho que deram, pelo conforto
que ofereceram, pela maneira que demonstraram amor, pela sombra que
proporcionaram nos dias de muito sol, pelo leite da mãe e pela força
do pai. Até pela falta de tudo isso, por que não, influenciaram!
Tudo
o que vai aqui é parte integrante de um manuscrito encontrado,
embrulhado, num saco plástico e parcialmente comido pelas traças.
Quisera eu que este plástico tivesse durado tanto o quanto os
estudos apontam, mas não foi assim. Quanto as traças, talvez até
mesmo elas tenham gostado do conteúdo e deixado o restante para ser
consumido pelos leitores.
Encontrar
as palavras que descrevem parte da vida de um ser humano é algo
magnífico. Principalmente quando não pode se encontrar o autor,
tudo ganha um ar de mistério, de fantasia e romantismo. E, mesmo sem
conhecer Zézu, até saudades causou.
Enquanto
cada frase era lida, ficava pensando em como agiria diante de
determinadas situações. Era preciso resolver essa questão e como
repórter, mesmo sem muita experiência, saí a campo. Alguns
colegas, que também estavam intrigados, ajudaram. Iniciou-se, então,
uma força tarefa, para encontrar a origem do manuscrito, "Diário
do Zézu", como foi chamado.
No
início pensamos que seria fácil. Acabamos descobrindo que o grosso
manto do tempo dificultaria a busca. Mas, a cada vez que lia os
manuscritos, a alma enchia-se de energia. Era como se o próprio
manuscrito procurasse por alguém, que o ajudasse de alguma forma.
Quanto
mais se busca por respostas, mais perguntas surgiam e menos respostas
eram encontradas. As perguntas simples estavam sem resposta, aliás,
as perguntas só se multiplicam e as respostas se dividem. Quem
seria "Zézu"? Onde teria vivido? Em que região? Ainda
teria filhos vivos? Netos? Algum parente? Que pessoas poderiam tê-lo
conhecido? Quem poderia enquadrar-se no perfil, do anônimo, estranho
e caloroso Zézu?
Tudo
já foi feito para localizar a origem dos manuscritos, nada foi
encontrado. Apenas pistas, que acabaram em lugar nenhum. Tudo o que
se sabe sobre este personagem está nas páginas puídas de um velho
caderno. Até análise de carbono foi feita, para se estabelecer a
época, onde poderia ter sido produzido. Nada!
Culpo-me
pela própria ignorância, posso ter comprometido uma boa parte do
material. Quando encontrei o diário, não o imaginava tão
importante, para mim. Tenho me sentido como um dos “Cruzados”, na busca do “Santo Graal”.
Vou
apresentar o conteúdo do Diário do Zézu e depois, dizer tudo o que
foi feito, ao menos o que lembro. Deixei de me preocupar com datas,
pois descobri que elas foram o pior ponto de referência, para
encontrarmos algo. Neste momento, em algum lugar, a fantasia existe e
é maravilhosa, asseguro!
Ao utilizar, todo ou parte deste texto, favor mencionar a autoria e a fonte.
J.C.Hesse - Autor de Cartas & Sombras
Assessor Administrativo do Clube dos Novos Autores
Twitter: JCHesse
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